No, not yet!

Palavras-chave (porque esse post merece um resumo): tornado – saga – sangue – urina – carinho

Pois bem, o plano era sair de Houston dia 31/03, chegar em Chicago em 01/04, chegar no Brasil em 02/04. Fui em direção à viagem de trem para sair de Houston em direção à Chicago. Só que antes de chegar no trem, tinha um trajeto de 4h que deveria ser feito em um ônibus operado pela própria empresa do trem (Amtrak). Viagem de ônibus super tranquila, ônibus limpo, tirei altos cochilos, até que o motorista deixou a gente descer em um posto de gasolina para fazer uma pausa. Quando nós retornamos ao ônibus, o motorista anunciou que ele não poderia seguir viagem até que alguém da empresa o autorizasse, pois havia algum problema que ele ainda não sabia qual era. Eis que vem a notícia: devido a um tornado em uma cidade anterior ao nosso trajeto, os trens daquela rota foram cancelados e, por isso, nós iríamos para um hotel para passar a noite.

Ao chegar no hotel, recebo a notícia de que o trem iria atrasar 24h, ou seja, eu iria perder meu voo em Chicago. Aí saí eu que nem uma maluca estudando todos os cenários possíveis: alugar carro, pegar ônibus, pegar táxi, pegar outro trem, comprar voo de última hora, arrumar carona, sair da cidade onde eu estava, ir para Houston, ir para Dallas, o que fazer? Liguei para zilhões de pessoas, fiz zilhões de pesquisas, comecei às 18h e terminei às 04h da manhã do outro dia.

No meio desse forfé todo, fiz a burrada de ir até a recepção do hotel perguntar se alguém tinha alguma outra ideia do que eu poderia fazer para não perder o meu voo no dia seguinte. Para a minha surpresa, nesse mesmo momento, o corpo de bombeiro junto com uns 15 policiais estavam concluindo um resgate de uma pessoa que tentou se matar dentro do hotel. E essa pessoa passou ali na minha frente na maca todo ensanguentada. Eu fiquei sem reação, foi impactante ver aquela cena, mas precisava resolver o meu problema, pois ainda não tinha ideia do que fazer, já que todos os cenários que eu tinha estudado até aquele momento só me levavam ao cancelamento do retorno ao Brasil. Parei um momento para respirar e continuei a saga.

Consegui uma passagem de ônibus para retornar à Houston em 01/04, mas foi uma experiência que não acho que preciso ter novamente. Me senti muito insegura, não tive nem coragem de pegar um livro para ler, era um ônibus extremamente sujo (mas com ar condicionado), com diversos odores que iam desde sardinha enlatada até cigarro e urina. Nem a máscara ajudou a esconder tudo isso. Pessoas falando muito alto, com som alto no celular, uma bagunça. E eu precisava me controlar nesse ambiente por 4h de viagem até chegar em Houston.

Perdi milhas, perdi muito dinheiro, perdi a paciência, perdi o sono, senti raiva, senti pena do rapaz suicida, chorei, chorei muito, respirei fundo, respirei fundo de novo e o resultado: precisei adiar o meu retorno ao Brasil. Já comprei novas passagens, mas até esse momento ainda não tive a confirmação por parte da companhia aérea.

O que me confortou foi receber muito carinho e atenção dos meus amigos e familiares nesse curto período de 24h (sim, isso tudo aconteceu de sexta para sábado). Mas o que me fez sorrir de verdade foi chegar em Houston e encontrar isso no quarto onde estava hospedada:

Amanhã a saga continua, mas por enquanto vocês podem ver as fotos que eu tirei de dentro do ônibus fedorento para evitar pensar que eu ia ficar 4h ali.

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